Recentemente, muitos estudos têm indicado a relação entre o consumo de pequenas doses diárias de vinho tinto e a prevenção contra a aterosclerose. As pesquisas indicam que, muitos dos efeitos benéficos do consumo moderado de vinho se devem aos flavonóides, presentes também em sucos de uvas roxas, frutas e verduras. Os flavonóides são compostos metabólitos secundários do Reino Vegetal e seus efeitos biológicos estão principalmente relacionados à atuação como anti-oxidantes. Podem também atuar como anti-alérgicos, anti-inflamatórios, anti-hemorrágicos e auxiliam na absorção de vitamina C. Por isso, sua importância no papel de prevenção ao câncer e doenças cardiovasculares. Abaixo, a representação da fórmula estrutural dos flavonóides, compostos tricíclicos:
Estudos também mostraram que os flavonóides possuem efeitos vaso-dilatadores e anti-agregantes plaquetários, o que explica o efeito preventivo contra a aterosclerose. Muitos desses dados são evidenciados no artigo ''Wine, alcohol and atherosclerosis: clinical evidences and mechanisms'', desenvolvido por P.L. da Luz e S.R. Coimbra, na Universidade de São Paulo (USP). Pesquisas mostraram a redução da disfunção endotelial em pacientes que apresentavam doenças cardiovasculares e que consumiam flavonóides, devido principalmente à redução na produção de endotelina-1 e ao aumento na expressão de óxido nítrico sintetase. A síntese de óxido nítrico pelas células endoteliais está intimamente associada à dilatação dos vasos e melhora no fluxo sanguíneo, pois comanda o relaxamento do músculo liso da parede do vaso. As endotelinas atuam na constrição dos vasos e aumentam a pressão sanguínea, por isso a redução em sua produção seria benéfica em pessoas com problemas cardiovasculares e com tendência à aterosclerose.
O álcool também desempenha suas ações preventivas, quando ingerido moderadamente: aumenta os níveis de HDL no sangue, geralmente em 12%, devido à elevação de suas subfrações HDL 2 e HDL 3, e consequentemente aumenta a concentração de apolipoproteínas A1 e A2. Essas são duas formas de associação da apolipoproteína A ao HDL. 75% das formas associadas correspondem à apolipoproteína A1, 20% à apolipoproteína A2. A elevação delas aumenta o transporte de triglicerídeos e colesterol no sangue, evitando o acúmulo deles nos vasos, ajudando a prevenir a aterosclerose. A medição dos níveis de apolipoproteínas A no sangue é, portanto, um indicador melhor que os níveis de HDL no risco diminuído da aterosclerose.
No sistema de coagulação, o álcool atua inibindo também a agregação plaquetária, pois ativa o plasminogênio e reduz as concentrações de fibrinogênio. O professor da USP, Protássio Lemos da Luz, um dos autores do artigo sobre o vinho tinto citado acima, coordena as pesquisas relacionadas aos efeitos inibitórios do vinho na formação de placas ateroscleróticas e constatou em coelhos esse fato. Em pessoas com níveis de colesterol altos no sangue, o consumo moderado de vinho e suco de uva mostrou efeitos vaso-dilatadores. Dessa forma, fica evidente o efeito do consumo de vinho na prevenção contra a aterosclerose e doenças cardiovasculares, mas é preciso ressaltar que isso só acontece quando o vinho é ingerido moderamente. O excesso de álcool no sangue pode causar efeitos devastadores, dentre eles a hipertensão arterial, um dos efeitos agravantes da aterosclerose.
Post por Danielle Salerno
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