domingo, 8 de dezembro de 2013

Vinho tinto em pequenas doses previne a aterosclerose?

     Recentemente, muitos estudos têm indicado a relação entre o consumo de pequenas doses diárias de vinho tinto e a prevenção contra a aterosclerose. As pesquisas indicam que, muitos dos efeitos benéficos do consumo moderado de vinho se devem aos flavonóides, presentes também em sucos de uvas roxas, frutas e verduras. Os flavonóides são compostos metabólitos secundários do Reino Vegetal e seus efeitos biológicos estão principalmente relacionados à atuação como anti-oxidantes. Podem também atuar como anti-alérgicos, anti-inflamatórios, anti-hemorrágicos e auxiliam na absorção de vitamina C. Por isso, sua importância no papel de prevenção ao câncer e doenças cardiovasculares. Abaixo, a representação da fórmula estrutural dos flavonóides, compostos tricíclicos: 
Estrutura básica dos flavonóides

     Estudos também mostraram que os flavonóides possuem efeitos vaso-dilatadores e anti-agregantes plaquetários, o que explica o efeito preventivo contra a aterosclerose. Muitos desses dados são evidenciados no artigo ''Wine, alcohol and atherosclerosis: clinical evidences and mechanisms'', desenvolvido por P.L. da Luz e S.R. Coimbra, na Universidade de São Paulo (USP). Pesquisas mostraram a redução da disfunção endotelial em pacientes que apresentavam doenças cardiovasculares e que consumiam flavonóides, devido principalmente à redução na produção de endotelina-1 e ao aumento na expressão de óxido nítrico sintetase. A síntese de óxido nítrico pelas células endoteliais está intimamente associada à dilatação dos vasos e melhora no fluxo sanguíneo, pois comanda o relaxamento do  músculo liso da parede do vaso. As endotelinas atuam na constrição dos vasos e aumentam a pressão sanguínea, por isso a redução em sua produção seria benéfica em pessoas com problemas cardiovasculares e com tendência à aterosclerose.
     O álcool também desempenha suas ações preventivas, quando ingerido moderadamente: aumenta os níveis de HDL no sangue, geralmente em 12%, devido à elevação de suas subfrações HDL 2 e HDL 3, e consequentemente aumenta a concentração de apolipoproteínas A1 e A2. Essas são duas formas de associação da apolipoproteína A ao HDL. 75% das formas associadas correspondem à apolipoproteína A1, 20% à apolipoproteína A2. A elevação delas aumenta o transporte de triglicerídeos e colesterol  no sangue, evitando o acúmulo deles nos vasos, ajudando a prevenir a aterosclerose. A medição dos níveis de apolipoproteínas A no sangue é, portanto, um indicador melhor que os níveis de HDL no risco diminuído da aterosclerose.

     No sistema de coagulação, o álcool atua inibindo também a agregação plaquetária, pois ativa o plasminogênio e reduz as concentrações de fibrinogênio. O professor da USP, Protássio Lemos da Luz, um dos autores do artigo sobre o vinho tinto citado acima, coordena as pesquisas relacionadas aos efeitos inibitórios do vinho na formação de placas ateroscleróticas e constatou em coelhos esse fato. Em pessoas com níveis de colesterol altos no sangue, o consumo moderado de vinho e suco de uva mostrou efeitos vaso-dilatadores. Dessa forma, fica evidente o efeito do consumo de vinho na prevenção contra a aterosclerose e doenças cardiovasculares, mas é preciso ressaltar que isso só acontece quando o vinho é ingerido moderamente. O excesso de álcool no sangue pode causar efeitos devastadores, dentre eles a hipertensão arterial, um dos efeitos agravantes da aterosclerose.

     
     
     


Post por Danielle Salerno

Referências:





Aterosclerose e HIV


Pesquisas recentes estabelecem uma ligação tênue entre a maior probabilidade de ocorrer aterosclerose em indivíduos que são HIV-positivo. Diante disto, recomenda-se que estes indivíduos monitorem os níveis totais de colesterol com maior frequência.

      Para compreendemos melhor porque pacientes com HIV apresentam maior risco de desenvolver aterosclerose é bastante útil uma pequena revisão de como a aterosclerose se forma:

·              A aterosclerose é fruto de um acúmulo de lipídeos no endotélio de artérias, sejam sistêmicas ou cerebrais, concomitantemente a processo oxidativos e inflamatórios gerados por células brancas do sangue. Devido estes dois fatores ocorre a formação de uma “placa aterosclerótica” que acabará por obstruir o fluxo sanguíneo da região onde se encontra.

   Terminada a breve revisão, voltamos a pergunta, “qual a ligação entre HIV e aterosclerose?”.

   Alguns pontos que mostraram aos cientistas esta ligação são:
  • ·       Por razões que ainda não se encontram muito claras, nos indivíduos com HIV em “ativo”, que possuem carga viral "ativa", as taxas de LDL se encontraram muito elevadas, excetuando-se nos pacientes controlados. De encontro ao fato de o LDL estar alto, temos uma baixa nas taxas de HDL. Embora ambas as alterações não apresentem até o momento uma explicação definitiva, muitos cientistas crêem que seja causado pelos processos inflamatórios que ocorrem no fígado.
  • ·       Devido ao HIV, a produção de linfócitos CD4 funcionais encontra se em estado de forte deficiência, o que reflete na baixa capacidade do organismo de se defender de bactérias e micro-organismos que possam estar relacionados com processos inflamatórios no organismo.
  • ·       Um dos efeitos já comprovados pelos cientistas é: enquanto se pesquisa a possibilidade de o HIV levar ao envelhecimento precoce do cérebro, foi constatado que a Aids faz com que células vinculadas a manutenção dos vasos sanguíneos liberem substâncias que prejudicam o desempenho da função vascular. Esses danos aos vasos sanguíneos podem estar ligados aos aumentos crônicos de pressão arterial que, unido a altas taxas de LDL, leva a uma formação acelerada de placas ateroscleróticas.

Diante destes fatores é altamente recomendado que pacientes que apresentem Aids recorram a exames que avaliem as taxas lipídicas com maior frequência, além de procurarem ter  hábitos de vida mais próximos da prevenção de outros pacientes que apresentam alto risco de desenvolver problemas cardiovasculares como aterosclerose.

Post por Rayssa Lima, Eduardo Pimenta, Matheus Silva, Danielle Salerno e Guilherme Caldas

Referência:




Gênese do protagonista da aterosclerose: vias de sintese de colesterol e relação com o açúcar parte 2.

     Dando continuidade ao post parte 1, a via de colesterol depende principalmente de uma molécula de Acetil-CoA. Qual a sua relação com açúcar, então ? 
         Sabe-se que a glicose é a principal utilizada na obtenção de energia para o organismo (além de outras vias alternativas existentes como o uso de corpos cetônicos obtidos através de gordura) através da reação de glicólise, obtendo como produto final o piruvato, como na imagem a seguir:
     
       A partir dessa via sintética, o piruvato segue o caminho de transformação em Acetil-CoA através da PDH (piruvato desidrogenase), obtendo, então, o substrato primário para a via de obtenção de colesterol.
       Essa relação, embora fácil, possui algumas dúvidas: sempre o Acetil-CoA vai seguir a via de síntese de colesterol ? É normal ter Acetil-CoA em excesso para a produção de colesterol ? Existem explicações concretas sobre a relação da síntese de colesterol e a ingestão excessiva de carboidratos ? Existem evidências ?
       E a resposta para a maioria dessas perguntas é: ainda não se sabe tudo. Estudos realizados em laboratório com homens de 45 a 65 anos evidenciaram que a aplicação de uma dieta rica em açúcar e carboidratos agravaram o desenvolvimento da aterosclerose, porém, não indicaram a forma direta com que o açúcar age sobre tais condições. Sabe-se que o açúcar também é o responsável pelo aumento de níveis séricos de triglicerídeos em um indivíduo, além do desenvolvimento de resistência à insulina, baixa de HDL, obesidade e, então, diabetes mellitus tipo II. 
      A via de degradação da glicose e então "transformação" em alguma outra molécula pode seguir vários caminhos, assim como o da lipogênese pela formação de ácidos graxos a partir de Acetil-CoA.
     Em outras palavras, sabe-se que existe uma intersecção da relação metabólica entre colesterol e degradação do açúcar. Porém, o mecanismo direto pela atuação de enzimas, vias e reações ainda não estão identificados, apenas suas relações indiretas por análise sanguínea e dietas.

Post por Guilherme Caldas

Referências: 
http://dicasdanutricionista.com.br/2009/04/20/entenda-a-glicolise-2/
http://www.aloelive.com.br/Blog/aterosclerose-a-um-passo-para-doencas-do-coracao/

O LDL é mesmo "mau" ? As verdadeiras subclasses de LDL

         Como comentado brevemente no post sobre "a gordura saturada pode não ser a principal vilã dos riscos cardiovasculares", o termo genérico LDL não define o tipo de molécula responsável pelos problemas vasculares, mas sim a sua subclasse: o LDL tipo B. Essa descoberta revolucionou o quadro de entendimento da aterosclerose relacionada à dieta, pois quebra o paradigma de que a quantidade total de LDL no sangue resulta em quadros de inflamação das paredes vasculares.


Relação dos tipos de LDL 
         O LDL então é dividido em duas subclasses: tipo A (ou pattern A) e tipo B (ou pattern B). A principal diferença entre as duas é que a "pattern A" é uma molécula de LDL maior que a molécula "pattern B", embora todas as duas sejam menores que as moléculas de HDL. Sabia-se anteriormente que a molécula de LDL era definida como prejudicial por ser mais leve. Porém, o que ocorreria no caso de uma molécula de LDL ser mais leve que outra ? O termo LDL então perdeu a "fama" de vilão, passando-a para a sua subclasse tipo B, que consegue ser mais leve que a tipo A, e assim favorecer o transporte de colesterol para a placa aterosclerótica.

         Pessoas que possuem níveis significativos de LDL-B no sangue tendem a apresentar altos níveis de triglicerídeos, alta glicemia e baixos níveis de lipoproteínas HDL, assim como podem também desenvolver diabetes mellitus tipo II. A predominância dessa molécula no sangue é principalmente determinada por fatores genéticos, pois depende da síntese da apolipoproteína B em conjuntura com a lipoproteína (há estudos que indicam que a apolipoproteína E também esteja envolvida na progessão de LDL também prejudiciais, como dito no post por Danielle Salerno). Diminuir esses níveis, no entanto, não é impossível. Para mudar esse quadro seria necessária uma dieta com níveis baixos de colesterol, gordura e açúcar (embora alguns estudos apresentem que a ingestão de gordura saturada contribua primariamente para o aumento dos níveis de LDL-A no sangue, não o LDL-B - nesse mesmo estudo, a gordura saturada se apresentou como o principal indutor da "diminuição" das partículas de LDL-B). "Exercícios físicos e mudanças no estilo de vida contribuem para uma melhor regulação corporal contra a placa aterosclerótica" diz o site www.health.am .

        Medicamentos também podem contribuir para abaixar os níveis de LDL-B. A estatina entra de forma curiosa neste fato: ela se apresentou nos últimos tempos como o principal medicamento contra os altos níveis de colesterol. Porém, estudos recentes também mostraram que a estatina teve efeito limitado sobre as subclasses de LDL. Dois remédio que mostraram progresso nesses termos e eram usados de forma alternativa no lugar da estatina, por outro lado, foram o ácido nicotínico (niacina - comentada em posts anteriores) e o gemfibrozil (Lopid).

       Diante de tais descobertas, então, os testes laboratoriais mudaram suas abordagens para a determinação de LDL-B no sangue e agora apresentam um novo teste para a determinação de tais partículas: a análise avançada de lipoproteínas no sangue. O teste consiste basicamente na procura direta por subclasses de LDL presentes no sangue, em vez de medir os níveis de LDL totais.

       O quadro de desenvolvimento de aterosclerose, por conseguinte, apresenta um novo fator final que vai ditar se a pessoa possui elevados riscos de sofrer da doença: Esse fator é a relação de LDL-B por níveis de HDL. De forma sugestiva, é a divisão dos níveis de LDL-B pelos níveis de HDL, sendo necessário apenas os exame respectivos contendo esses níveis que qualquer pessoa pode descobrir se ele se encontra alto ou não. O coeficiente possui relação diretamente proporcional aos riscos da doença no indivíduo: caso seja muito baixo, a pessoa se encontra saudável; caso seja muito alto, os riscos cardiovasculares serão maiores.

Post por Guilherme Caldas e Danielle Salerno


Sites de Referência:

http://www.healthcentral.com/cholesterol/c/7986/116328/ldl-pattern/
http://www.health.am/topics/more/what_are_ldl_cholesterol_particle_size_patterns_a_and_b/

sábado, 7 de dezembro de 2013

Apolipoproteína E e aterosclerose: determinantes nas doenças cardiovasculares

     Esse post tem como referência o artigo ''Apolipoprotein E gene polymorphism and its effect on plasma lipids in arteriosclerosis''; autoria de Zende PD, Bankar MP, Kamble PS e Momin AA. Foi.publicado em outubro de 2013, no site JCDR (Journal of Clinical and Diagnostic Research). O estudo investigou o efeito causado pelo gene codificante da apolipoproteína E no aumento de níveis lipídicos no plasma sanguíneo e consequentemente o agravamento do quadro de aterosclerose.
     A apolipoproteína E é uma constituinte das lipoproteínas VLDL, HDL e quilomicron (lipoproteína formada no epitélio intestinal). Ela desempenha papel importante no transporte e metabolismo de colesterol e triglicerídeos, e é codificada por um gene presente no cromossomo 19 dos seres humanos. Esse gene possui três alelos comuns, que caracterizam o polimorfismo: E2, E3 e E4. O polimorfismo pode ser um fator de risco determinante para a aterosclerose.
     Desde meados da década de 80, tem-se investigado o efeito do gene da apolipoproteína E e mutações desse gene em pacientes com hiperlipoproteinemia, isto é, alta concentração de lipoproteínas no sangue. Descobriu-se que havia relação entre altos níveis de colesterol e triglicerídeos plasmáticos, e problemas na depuração de quilomicrons e VLDL, decorrentes de defeitos presentes em apolipoproteínas E.
     Baseados em dados como esses, os professores do departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Médicas e Pesquisas de Maharashtra (Índia) deram início à pesquisa. O estudo foi realizado em Maharashtra na Índia e consistiu em testes realizados com 100 pessoas que já sofreram infarto de miocárdio e 50 pessoas que sofreram de AVC, comparando sexo e idade, e níveis de lipoproteínas no sangue. O genótipo de todos, em relação ao gene da apolipoproteína E e suas isoformas, foi determinado pela técnica de PCR.
    Os resultados mostraram aumento significativo nos níveis plasmáticos totais de colesterol, LDL e triglicerídeos em grupos com o alelo E4. Isso indica que o polimorfismo do gene da apoliproteína E é fator de risco independente determinante da aterosclerose. Consequentemente, aumenta os riscos de doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais. 
     Há estudos que indicam também, que a apolipoproteína E4 é fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, mas que ela não deve ser usada como diagnóstico de rotina da doença. Assim, os estudos mais recentes têm descoberto as consequências dos alelos codificantes das apolipoproteínas E na saúde humana. Abaixo, a representação da estrutura das apolipoproteínas E4 e E3.




Post por Danielle Salerno

Referências:






quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Dietas ricas em gordura saturada são a principal causa de doenças vasculares?


   Segundo estudos recentes, a gordura saturada não é o principal vilão. Esse post tem como referência o artigo publicado recentemente pelo cardiologista Aseem Malhotra: "Saturated fat is not the major issue".
    Por quase quatro décadas, acreditou-se que a  dieta devia ser pobre em gordura saturada a fim de reduzir as doenças cardiovasculares, decorrentes de processos inflamatórios pelo acúmulo de resíduos no endotélio dos vasos. Esses resíduos estão intimamente ligados ao processo fagocitário realizado pelos macrófagos e à quantidade de lipoproteínas de baixa densidade circulantes no sangue, como citado em posts anteriores.
    Pelos dados do artigo, foi realmente comprovado o aumento de LDL por gordura saturada. Por isso, nas décadas passadas os governos de vários estados procuraram estimular a população a reduzir o consumo de gordura a 30% da energia total, e gordura saturada para 10%. Os experimentos, no entanto, evidenciaram que dietas pobres em gordura saturada reduziam apenas partículas especificas de LDL: as partículas tipo A. Essas não apresentam relação com doenças cardiovasculares. Enquanto isso, os níveis circulantes de partículas de LDL tipo B não apresentaram grandes variações. Essas são as partículas intimamente ligadas a riscos cardiovasculares.
    A ingestão de gordura saturada, porém, apresentou efeito protetor contra riscos cardiovasculares na seguinte situação: a comida provida de laticínios possui altos níveis de vitaminas lipossolúveis A e D, assim como é composta por uma grande porcentagem de gordura, cálcio e fósforo. Esses dois últimos apresentam efeitos  anti-hipertensivos e
 consequentemente, diminuem o risco cardiovascular. Ácido palmitoleico trans, outro composto encontrado em laticínios, mostrou relação direta com o aumento de HDL circulante, assim como reduziu a concentração de triglicerídeos e proteína C reativa-PCR. A PCR é uma proteína marcadora inflamatória que mede indiretamente o risco cardiovascular por meio de sua interação com os fatores de risco clássicos, podendo indicar alterações no perfil pró-aterosclerótico do paciente. Também foi evidenciada a redução da resistência à insulina e por consequência, redução na incidência de diabetes em adultos. O estudo comprovou além disso, que o consumo de carne vermelha, fonte rica de gordura saturada, não pode ser relacionado diretamente ao aparecimento de doenças cardiovasculares. Carnes processadas, essas sim, podem ser associadas a doenças do coração e diabete mellitus, devido principalmente à adição de nitrato e sódio como conservantes nessas carnes.
      O artigo discute a importância da fonte de ingestão de calorias. Tudo depende de como o organismo metaboliza diferentes macronutrientes. Para isso, foram realizados experimentos com três tipos de dieta: 90% carboidratos, 90% proteínas, 90% gorduras. Os resultados mostraram que o terceiro grupo foi o que apresentou perda de peso mais significativa, desmitificando a visão errada que se tem da gordura como fator totalmente prejudicial ao corpo.
     Deste artigo e outros com a mesma temática, evidencia-se o surgimento de uma nova fase nas pesquisas bioquímicas, que investiga as verdadeiras consequências da ingestão de gordura saturada.

Post por Danielle Salerno e Guilherme Caldas


Referências:


http://www.rbconline.org.br/artigo/a-proteina-c-reativa-na-atualidade/

http://www.bmj.com/content/347/bmj.f6340



   

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Niacina, outro potente remédio contra a aterosclerose


As estatinas são os remédios mais utilizados no tratamento de aterosclerose. Porém, a niacina (conhecida como Vitamina B3) é um outro remédio, não tão utilizado quanto as estatinas, mas com um efeito interessante. Como já vimos em um post anterior, a estatina não é interessante para quem tem diabetes tipo 2, portanto foi realizado um estudo em 2000 pelo Journal of the American Medical Association mostrando que a niacina fez com que aumentasse os níveis de HDL e diminuíssem os níveis de LDL e triglicerídeos.

Fórmula molecular da Niacina


O estudo foi comandado na Universidade do Tennessee pelo Dr. Marshall B. Elam. Os pacientes que se submeteram ao teste, dentre eles alguns eram diabéticos, receberam doses de niacina e placebo. Quem recebeu niacina teve um aumento de 29% no HDL e reduziu os triglicerídeos em 23 e 28% e LDL em 8 e 9%, tanto em pacientes com quanto como sem diabetes. Pacientes que estavam sob placebo tiveram aumentos no HDL, triglicerídeos e LDL, mas os triglicerídeos tiveram maior aumento.

Esse estudo mostra uma alternativa para quem tem colesterol alto e diabetes, uma vez que quem tem essa doença não pode tomar estatinas ou fibratos (outro medicamento contra colesterol).

Obrigado leitores, esse foi meu último post no blog de Aterosclerose, espero que vocês tenham gostado e aprendido algumas coisinhas que não vemos nos jornais do dia a dia.

Post feito por:

Eduardo Pimenta

Referências:

Funcionamento das estatinas e seus efeitos colaterais


A estatina é o remédio mais utilizado por pacientes que possuem colesterol alto. Esses remédios, basicamente, diminuem os níveis de colesterol, além de aumentar o de HDL e diminuir o de triglicerídeos. A pergunta é, como elas fazem isso? O corpo utiliza uma enzima chamada HMG-CoA redutase para produzir o colesterol (não é ela que produz diretamente, mas ela está presente na cadeia de reações que produzem o colesterol), e a ação da estatina é de inibir essa enzima. Com isso, a estatina impede que colesterol seja produzido, baixando os níveis do mesmo no sangue. Existem várias estatinas, como por exemplo a Lovastatina, Fluvastatina e a Atorvastatina. A Atorvastatina se tornou, em 2003, o fármaco mais vendido da história, gerando 12,4 bilhões de doláres nas suas vendas, segundo o fabricante.

                           Mecanismo de produção de colesterol 


Atorvastatina (Lipitor, no comércio)


As estatinas, porém, contêm uma lista extensa de efeitos colaterias que ela pode provocar na pessoa, como por exemplo:
- Rachaduras na pele

- Sonolência e tonturas

- Disfunção sexual

- Formigamento nas extremidades dos membros (pés e 
mãos)

- Miopatias e miosites, sendo os dois efeitos colaterais mais perigosos das estatinas, mas a incidência é rara, sendo menos rara em pessoas com mais de 65 anos e que tomam altas doses do remédio. Para tratar essas miopatias, são receitados remédios para repor a Coenzima Q10 (ubiquinona), pois as estatinas diminuem seus níveis, mas não existem muitas evidências de sua eficácia.

Através de estudos, foram constatados que, para compensar a diminuição da síntese de colesterois, hepatócitos começaram a produzir mais receptores de LDL. Isso faz com que o alto número de receptores absorva mais LDL e VLDL do sangue, fazendo com que seus níveis circulantes diminua e o que foi absorvido seja liberado nos sais bileares.

Até a próxima leitores,

Post feito por: Eduardo Pimenta

Referências:

 A bioquímica no tratamento do AVC:


    Estudos têm revelado a atuação de novas drogas anti-coagulantes no tratamento do AVC. A mais conhecida atualmente é a dabigatran (PRADAXA- Boehringer Ingelheim), que atua como inibidor direto da trombina (proteína coagulante que polimeriza fibrinogênio em fibrina).
    Sabe-se que o coágulo pode ser resultante do rompimento de uma placa aterosclerótica, podendo provocar  a formação de um trombo bloqueando a artéria. O uso de anti-coagulantes pode, portanto, ajudar no tratamento de acidentes vasculares. 
     Algumas pesquisas realizadas recentemente nos EUA, Israel e Espanha investigam o glutamato como substância que dificulta a recuperação de pessoas que tiveram um acidente vascular cerebral. O glutamato, também conhecido como ácido glutâmico é um aminoácido não essencial de propriedades ácidas, representado pela fórmula química C5H9NO4. É encontrado em diversos alimentos como feijão, soja e lentilha e está envolvido na síntese de carboidratos e ácidos graxos. Atua como precursor de diversos aminoácidos e participa da formação de metabólitos importantes no organismo, como ácido pirúvico e oxaloacetato provenientes da respiração. O glutamato é também o mais importante neurotransmissor no sistema nervoso de mamíferos. Por isso é possível relacionar a concentração de ácido glutâmico no cérebro a muitos distúrbios mentais, entre eles Alzheimer e doença de Chacot.
     As pesquisas têm indicado a grande relação entre altas concentrações de glutamato no cérebro e a dificuldade de recuperação em casos de AVC. ''A elevação do seu nível sobrecarrega os neurônios, contribuindo para sua morte'', explica Thomas Carmichael, da Universidade da Califórnia. A pesquisadora Angela Ruban, do Instituto Wizmann, de Israel, respondeu à revista ''ISTO É'' em matéria sobre o AVC, ''Ainda não temos as respostas definitivas sobre por que isso acontece, mas diminuir o glutamato tem efeito neuroprotetor''.
      

Fórmula estrutural do glutamato





Fontes:



Artrite Reumatoide e Aterosclerose

     A artrite reumatoide se trata de uma doença sistêmica causada por uma inflamação em articulações e que pode afetar a capacidade funcional dos acometidos.
    Estudos feitos em 2001 apontaram certos riscos cardiovasculares - entre eles a aterosclerose -, em pacientes que apresentavam o diagnóstico de artrite reumatoide, e que esta pode agir independente dos fatores clássicos no processo aterogênico - como tabagismo, sedentarismo e outros -, mediante observações de aumento de espessura nas camadas endoteliais. Foi apresentado também  que esses pacientes reumáticos apresentam maior calcificação em artérias do que em pacientes normais, evidenciado a relação anteriormente descrita.
    Com isso, foi descoberto que estados inflamatórios crônicos como a artrite reumatoide podem levar a um aumento na circulação de citocinas, sendo que estas estão intimamente relacionadas a disfunções endoteliais (principais maneiras de se iniciar a gênese do processo aterosclerótico), assim como podem diminuir a capacidade de vasodilatação nos vasos em relação a pacientes saudáveis.
    Ainda em relação a agentes bioquímicos nesses estudos, pode-se perceber que em um estado de inflamação persistente, mediante um aumento das citocinas circulantes e presença de auto-anticorpos (visto que a artrite reumatoide é uma doença auto-imune), há a capacidade de se gerar uma maior instabilidade na placa do ateroma, podendo levar à sua lise. Substratos de linfócitos T CD4 e T CD8 presentes em locais de placas instáveis também são encontrados em lesões causadas por artrite e, por fim, um substrato de macrófagos que é importante no remodelamento extracelular – a granzima B - é percebido tanto nas articulações acometidas em pessoas reumáticas quanto em locais de rupturas ligadas a aterosclerose, destacando a relação entre inflamação sistêmica e um maior risco de doenças cardiovasculares (Haque S, Mirjafari H, Bruce IN; 2008). 

Post feito por Matheus Silva